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2010 começou com notícias de tragédias pelo mundo inteiro. Já comentei isso em outro post. Como sempre, fiquei sem tempo pra atualizar o blog toda a semana com as fotos da semana, e ficou tudo prum mesmo post, o que me dá uma dor de cabeça danada pra escolher entre milhares de fotos, quais imagens, unidas, podem conter um único assunto.
Assim, escolhidas as fotos, fico pensando na música - é... vivo com um músico, então... a música faz parte de mim e sempre sinto falta de um som de fundo - não pra olhar as fotos, mas pra me embalar, me localizar no universo. Porque as imagens já trazem a memória dos sentidos. Afinal, eu vivi cada momento que retratei. A música apenas completa essa minha sensação. E não consigo postar sem ter uma música que me inspire. Enquanto não encontro a música, não consigo postar. Fato.
Fotografar emoções é mergulhar num mar de sensações que não são suas. Você tem sua vida, seus problemas, sua felicidade, seu universo. Aí, vc coloca uma roupa que te deixe invisível (pelo menos um pouco), pega seu equipamento e vai viver a vida do outro. Você fica responsável em sentir o que o outro sente, pra poder saber o que registrar. Eu não gosto de montar cena. Fotografo o que vejo. E o que vejo pode ser bom pra mim, mas não pro cliente. Assim, tenho de conhecer bem meu cliente pra saber o que ele gostaria de guardar por toda a eternidade.
Então, se estou com problemas, doente, preocupada com a família... tudo deve ficar pra depois. Empunho minhas câmeras e lentes, limpo a mente, respiro fundo e olho ao redor. Meu mundo vira o mundo do que preciso registrar. Minha preocupação é bateria, lente, luz, bem estar do meu cliente.
Pra minha felicidade, fotografo a felicidade. Realizações pessoais, sonhos, comemorações de anos de vida...
Em janeiro, especialmente no primeiro mês do ano, encontrei um denominador comum: crianças.
Crianças que nem nasceram, inclusive! Mas que estão ali, provocando sensações e nos trazendo esperança.
Elas tiveram participação especial em todos os momentos. Foram peças importantes, mudando roteiros e trazendo um novo olhar pra cada cena.
Quando nos divertimos, comemos coisas gostosas, dançamos, brincamos... trazemos lá do fundo da alma nossa criança. Quando namoramos, damos apelidos pra nossos companheiros. Apelidos engraçados e infantis. Passamos a usar as palavras no diminutivo. Curtimos mais os momentos, fazendo coisas que nos fazem sentir aquela felicidade plena, que só sentimos quando fomos crianças.
O amor nos deixa com cara de bobos. Olhos marejados e um sorriso moleque. Faz a gente rir à toa e chorar à toa também.
Em boa parte dos casamentos, os convidados aplaudem após o tão esperado beijo que sela a cerimônia. E na pista de dança sempre fazem aquela roda em volta do casal, pra que eles se beijem mais, abracem mais... o que me lembra uma cena da infância quando todos os amiguinhos torcem para a menina ficar com o menino que ela gosta.
Acontece frequentemente: ouço os noivos contarem que no dia do casamento sempre se surpreendem com seus parceiros. Vai ver, é que no dia do casamento estamos com as emoções à flor da pele. Deixamos cair a couraça que protege nossas faquezas. Trazemos à tona nossa criança interior que está pulando de alegria, pois acaba de ganhar o presente dos seus sonhos.
Então... tem noivo que não gosta de dançar no big day, não sai da pista!
Tem noivo que diz que a noiva é que gosta de foto, mas no dia, ele é que dá idéias, escolhe locações e adora fazer pose!
Peço sempre que todos os fofuxos, morecos, vidocos, môzis, xuxus, docinhos, vidas, fofinhos, tchucos, mozãos, mozinhos, paixãos... deixem essa criança interior desperta por toda a vida. Que essa alegria contagiante seja trazida à tona toda vez que precisarem.
Que todo amor que registo, cada beijo molhado, olhar apaixonado, abraço amoroso e risos de alegria perdurem não só nas imagens.
E que não precisemos fazer uma festa tão grande pra ter nossos amigos por perto, bênçãos dos nossos pais, e carinho de nossos familiares.